Os impactos da reforma tributária na vida do consumidor

Uma das mais importantes novidades da Reforma Tributária sobre o consumo no Brasil - que começa a valer a partir de janeiro de 2026 - será a introdução do chamado split payment. Trata-se de mecanismo de tributação em que, no momento do pagamento de um bem ou serviço, já são automaticamente separados o valor destinado ao fornecedor e o valor do tributo a ser recolhido aos cofres públicos, conforme indicado no documento fiscal eletrônico. O modelo é considerado inovador em relação à forma como será aplicado.

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9/25/20253 min read

Os impactos da reforma tributária na vida do consumidor

Um percentual pequeno de empresas no Brasil está preparada para aderir às novas regras que chegam daqui a 100 dias

Uma das mais importantes novidades da Reforma Tributária sobre o consumo no Brasil - que começa a valer a partir de janeiro de 2026 - será a introdução do chamado split payment. Trata-se de mecanismo de tributação em que, no momento do pagamento de um bem ou serviço, já são automaticamente separados o valor destinado ao fornecedor e o valor do tributo a ser recolhido aos cofres públicos, conforme indicado no documento fiscal eletrônico. O modelo é considerado inovador em relação à forma como será aplicado.

Na expectativa do governo, o split payment garantirá o recolhimento imediato do Imposto a cada transação, diminuindo a sonegação fiscal e promovendo uma arrecadação mais eficiente. Para tratar do assunto a FEDERASUL reuniu no Tá na Mesa desta quarta-feira (24), quatro executivos que falaram sobre o tema “Split Payment e a reforma tributária: como vai ser redesenhado o fluxo de caixa das empresas “: os diretores da CMPC Brasil, Diego Merino e da Lojas Lebes, Dulce Consuelo Gobbe; o diretor de Controladoria da Lojas Renner, Luciano Teixeira Agliardi e o CEO do Tax Group, Luis Wulff.

Os impactos do split payment no fluxo de caixa estão entre as principais preocupações das empresas a respeito da reforma tributária sobre consumo, de acordo com estudo realizado pela consultoria tributária Tax Group. A consultoria ouviu 109 empresas de todas as regiões do Brasil, que estão nos regimes de lucro real ou presumido, com faturamento anual superior a R$ 20 milhões e estão em um dos cinco seguintes setores: comércio, varejo e atacado; indústria; agronegócio; serviços; transportes. “O split payment vai reduzir muito a liquidez nas empresas”, diz o CEO do Tax Group, Luis Wulff.

“A grande maioria das empresas possui tempo de recolhimento de tributos entre 45 e 50 dias. Isso significa que, antecipando o recolhimento, estou encurtando esse fluxo de caixa”, completa o tributarista. Wulff destaca que, embora a emenda constitucional e as leis que implantaram a reforma já tenham sido aprovadas, esses impactos podem ser calibrados por meio de portarias. “Há um espaço relevante para ajustes técnicos que podem melhorar bastante a aplicação prática da reforma”, diz.

Inovadora

Luciano Teixeira Agliardi, da Lojas Renner, considera a ferramenta “inovadora e poderosa” no combate à sonegação diante da informalidade existente hoje no mercado, embora venha com um importante desafio que é a implantação tecnológica. Lembrou que a reforma tributária nasceu da necessidade de simplificação do sistema vigente que é caótico. “A competitividade passa a ser mais justa, eliminando insegurança jurídica”, argumentou.

O dirigente disse ainda que o split payment será aplicável em todas as operações, exceto quando os pagamentos forem feitos em dinheiro e cheque e lembrou que a implantação passará por uma fase de testes em 2026 e deverá entrar em funcionamento somente em 2027. “É um sistema mais transparente. Se for bem implementado tende a ser positivo para o país”.

Desafio

Para a diretora da Lojas Lebes, Dulce Consuelo Gobbe, a implantação do novo sistema será um desafio que vai impactar todas as empresas “as mudanças vão interferir na forma de fazer negócios. É importante ficar atento ao fluxo financeiro”, complementou.

Em sua manifestação, o presidente da FEDERASUL Rodrigo Sousa Costa, reiterou que antes da Reforma Tributária o governo deveria ter feito uma reforma administrativa. “É inadmissível o governo seguir gastando de forma inconsequente, aumentando o rombo das finanças públicas. São cada vez mais impostos que oneram empresas e trabalhadores”, argumentou ao acrescentar que todos nós estamos carregando um estado pesado diante do caminho lastimável e vergonhoso escolhido pelo governo.

Para Vilson Noer, presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV) e convidado a participar dos debates, a legislação tributária é uma colcha de retalhos e a reforma piorou ainda mais a situação. “A nova legislação trará consequências muito fortes especialmente para as pequenas e médias empresas que usam o fluxo de caixa para pagar outras contas. Essa mudança implicará numa queda de 30% no caixa das empresas”, finalizou.

O diretor da CMPC Diego Merino considera complexo o sistema tributário brasileiro, que faz com que muitas questões terminem no judiciário. Acredita, entretanto que o novo sistema impactará no fluxo de caixa das empresas, especialmente pela alta taxa de juros do país.

Foto de Sérgio Gonzalez

Da esquerda para a direita: Diego Merino, Luciano Teixeira Agliardi, Rodrigo Sousa Costa, Dulce Consuelo Gobbe, Luciano Teixeira Agliardi e Vilson Noer