Diabetes: como prevenir, tratar e evitar complicações

Silencioso, progressivo e muito prevalente, o diabetes é uma das doenças crônicas mais relevantes em todo o mundo. Segundo o IDF Diabetes Atlas de 2024, 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com a doença, e, no Brasil, a estimativa é de 16,6 milhões de pessoas. Neste Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro), o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Ebserh, reforça a importância do diagnóstico precoce, da prevenção e da adoção de cuidados contínuos para evitar complicações graves.

SAÚDENOTÍCIAS

11/20/20254 min read

a person blood glucose testing using gluco-meter
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Diabetes: como prevenir, tratar e evitar complicações

Alimentação, exercícios físicos, medicamentos e exames regulares de rastreio são pilares do cuidado

 Silencioso, progressivo e muito prevalente, o diabetes é uma das doenças crônicas mais relevantes em todo o mundo. Segundo o IDF Diabetes Atlas de 2024, 589 milhões de adultos entre 20 e 79 anos vivem com a doença, e, no Brasil, a estimativa é de 16,6 milhões de pessoas.

Neste Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro), o Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), vinculado à Ebserh, reforça a importância do diagnóstico precoce, da prevenção e da adoção de cuidados contínuos para evitar complicações graves. O diabetes se caracteriza pelo aumento da glicose no sangue devido à falta ou à má ação da insulina, hormônio essencial produzido pelo pâncreas.

A hiperglicemia crônica pode danificar órgãos vitais, como coração, rins, olhos e vasos sanguíneos, aumentando o risco de infarto, insuficiência renal, AVC, perda visual e amputações. O endocrinologista Dr. Jivago Lopes, preceptor do Programa de Residência em Endocrinologia e Metabologia da UFPel, preceptor do Ambulatório de Diabetes Tipo 2 e integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Diabetes do Rio Grande do Sul (SBD-RS), destaca que o diabetes é muitas vezes silencioso e pode permanecer sem diagnóstico por anos. “Quando o diagnóstico é tardio, o excesso de glicose no sangue já pode ter causado danos importantes. O rastreio regular e o acompanhamento contínuo são fundamentais para mudar a história natural da doença”, afirma.

Por que o diabetes é tão perigoso?

O diabetes progride lentamente e causa lesões que se acumulam ao longo dos anos. Mesmo níveis moderadamente elevados de glicose podem causar efeitos nocivos se persistirem por longos períodos. Esse risco é ainda maior quando o paciente não realiza acompanhamento médico, não monitora a glicemia ou não segue o tratamento adequado. O Dr. Jivago destaca a campanha da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) para 2025 — “Diabetes no Trabalho” — que ressalta a importância de ambientes laborais que favoreçam o autocuidado, permitindo consultas, exames e manejo adequado da doença.

“Ambientes que apoiam o cuidado reduzem faltas, complicações e melhoram a qualidade de vida do trabalhador”, explica. Ele acrescenta que a atualização profissional constante é fundamental, dado o avanço acelerado das terapias para diabetes. Hoje, segundo as diretrizes ADA e SBD, já estão disponíveis medicações que não apenas controlam a glicose, mas protegem rins, coração, reduzem mortalidade e auxiliam no controle do peso, como os agonistas do receptor de GLP-1 e os inibidores de SGLT2. O especialista reforça ainda a necessidade de ampliar o acesso a terapias modernas, inclusive dentro do SUS, garantindo benefícios reais aos pacientes. “Para a maioria das pessoas, metas glicêmicas rígidas e controle adequado do peso continuam sendo pilares na prevenção de complicações”, completa.

Cuidados na gestação

Durante a gravidez, o diabetes pode surgir mesmo em mulheres sem histórico prévio. O diabetes gestacional deve ser rastreado já no início da gestação por meio da glicemia de jejum e novamente entre a 24ª e a 28ª semana pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose (TTGO). Quando não diagnosticado ou tratado adequadamente, aumenta o risco de macrossomia fetal, pré-eclâmpsia, parto cesáreo, hipoglicemia neonatal e necessidade de internação do recém-nascido.

Mesmo após o parto, quando a glicemia geralmente retorna ao normal, a mulher permanece com risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida. As diretrizes ADA 2024–2025 e SBD 2024 recomendam rastreamento universal de todas as gestantes, inclusive daquelas sem fatores de risco, e acompanhamento prolongado no pós-parto. Além disso, existem outras formas de diabetes de aparecimento atípico — como diabetes monogênico (MODY), LADA, diabetes secundário a medicamentos e formas relacionadas à resistência insulínica severa — que exigem avaliação especializada e condutas específicas.

Como prevenir e tratar

A prevenção e o tratamento do diabetes envolvem hábitos saudáveis, acompanhamento médico regular e, quando necessário, uso de medicações adequadas. Uma alimentação equilibrada — baseada em vegetais, fibras, proteínas magras e gorduras de boa qualidade, com redução de açúcares simples e gorduras saturadas — contribui para o controle glicêmico e melhora a sensibilidade à insulina.

A prática de exercícios físicos, recomendada em pelo menos 150 minutos semanais de atividade aeróbica associada a exercício de força, é outro pilar essencial. O tratamento medicamentoso varia conforme o tipo e a gravidade da doença. A metformina segue como primeira linha no diabetes tipo 2, mas as diretrizes atuais recomendam considerar agonistas de GLP-1 e inibidores de SGLT2 em pessoas com obesidade, doença cardiovascular, insuficiência renal ou alto risco cardiorrenal — mesmo com hemoglobina glicada ainda dentro da meta. O uso de insulina deve ser avaliado caso a caso. Exames regulares são indispensáveis para prevenir ou detectar precocemente complicações: avaliação anual dos olhos, rins, pés, perfil lipídico e pressão arterial. Os cuidados com os pés merecem atenção especial, pois o diabetes pode causar perda de sensibilidade e piorar a circulação, aumentando o risco de feridas e amputações; inspeção diária, hidratação da pele, corte adequado das unhas e uso de calçados apropriados são medidas fundamentais.

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza insulina humana NPH e regular — em frasco ou caneta, incluindo versões reutilizáveis — além de glicosímetros, tiras, lancetas e demais insumos. Há cartilhas oficiais do Ministério da Saúde orientando o uso correto das canetas. A oferta de terapias mais modernas varia conforme protocolos municipais e estaduais, representando um desafio para ampliar o acesso a tratamentos que comprovadamente reduzem complicações, protegem órgãos e melhoram a qualidade de vida.

Sobre a Ebserh

O Hospital Escola da UFPel faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

Por Marília Rêgo e Clarice Becker

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh